Metodologia Academia de Líderes Ubuntu

EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL

 

“Diga-me e eu esquecerei.

Mostre-me e eu posso lembrar.

Envolva-me e eu vou entender.”

Provérbio Chinês

 

A Academia de Líderes Ubuntu é um programa de educação não-formal que assume um modelo pedagógico, desenvolvido pelo IPAV (Instituto Padre António Vieira), centrado nos participantes, através de uma abordagem participativa e experiencial. Assente numa metodologia que é, na sua essência, profundamente relacional, a educação não formal está em total sintonia com os princípios da filosofia Ubuntu.

 

Na Academia de Líderes Ubuntu promovem-se as competências socio-emocionais com impacto transversal na vida dos participantes. Durante a formação, valoriza-se a aprendizagem entre pares, os tempos de reflexão individual, os momentos de partilha, o respeito, bem como a cooperação e o trabalho de equipa. Assim, a criação de um “espaço seguro”, onde cada um se sinta respeitado e valorizado, imprime um cunho humanizador a todo o processo.

 

O programa formativo proposto pela Academia de Líderes Ubuntu é flexível, adaptável e está em constante avaliação, sempre com grande atenção e foco nos participantes e valorizando as aprendizagens para a vida. Neste sentido, embora tenha planos de sessão pré-definidos, o desenvolvimento de cada sessão molda-se às particularidades do grupo de participantes e aos desafios concretos de cada contexto sociocultural.

 

Como projeto assente na educação não formal, assume uma abordagem não hierárquica entre animador e participante, devolvendo a cada um a responsabilidade e autonomia na construção do seu próprio processo formativo que depende, em grande parte, da abertura e vontade de cada participante em dar e receber. A equipa de animação é a cara e o garante da fidelidade aos princípios do projeto, desenvolvendo sempre uma atitude de respeito, escuta e uma consciência permanente que, como dizia Paulo Freire, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Ao animador cabe também a missão de facilitar os processos de aprendizagem e promover o bom ambiente e a coesão do grupo em formação.

 

APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL

 

Sabemos que a experiência vivida é uma fonte fértil de aprendizagens. Dadid Kolb, nos anos 70, teorizou sobre este processo designando-o por “Ciclo de Aprendizagem Experiencial”,  valorizando a aprendizagem que decorre da experiência com a consequente atribuição de significado ao que é vivido. Aprende-se melhor quando se participa ativamente num processo reflexivo, baseado numa experiência de vida concreta. Assim, a aprendizagem experiencial pode ser entendida como uma aprendizagem que resulta da exploração, da criação, da descoberta, do relacionamento ou da interação com o meio.

 

Ciclos de aprendizagem experiencial segundo Dadid Kolb

dadid kolb

1] EXPERIÊNCIA

 

Pergunta-orientadora: O que aconteceu?

Objetivo: Viver uma determinada experiência

 

2] REFLEXÃO

 

Pergunta-orientadora: O que senti?

Objetivo: Refletir e partilhar como se viveu a experiência (sentimentos, pensamentos, comportamentos etc.)

 

3] GENERALIZAÇÃO

 

Pergunta-orientadora: Porque aconteceu?

Objetivo: Sistematizar e aprender a partir da experiência

 

4] APLICAÇÃO

 

Pergunta-orientadora: O que vou fazer?

Objetivo: Compreender as implicações práticas das conclusões identificadas e a sua aplicabilidade para a vida

 

É porque se acredita na eficácia de uma aprendizagem baseada na experiência que na Academia de Líderes Ubuntu procura oferecer-se, em cada sessão, um conjunto de experiências que despertem a curiosidade e a motivação para a reflexão e aprendizagem. Recorre-se a diversas ferramentas como os filmes, documentários, dinâmicas de ação-reflexão, contos, músicas, textos, de modo a proporcionar aos participantes vivências marcantes, refletindo posteriormente e em conjunto sobre elas, promovendo o seu desenvolvimento individual e também coletivo. As atividades que vão sendo propostas estão estruturadas em termos de objetivos pedagógicos e intencionalidade da aprendizagem.

 

APRENDIZAGEM POR MODELOS DE REFERÊNCIA

“Nada é tão contagioso como o exemplo”

Rochefoucauld

 

A Academia de Líderes Ubuntu atribui também grande relevância à aprendizagem por modelos de referência. Acreditamos no poder que um exemplo de vida pode ter e na inspiração que uma história contada na primeira pessoa pode proporcionar. Tendo sempre bem presente que não existe ninguém perfeito e que, como dizia Nelson Mandela, santos são aqueles que não desistem de tentar, os modelos de referência permitem construir uma ponte entre a teoria e a prática, entre o idealizado e o real. Este projeto, pretende desocultar a realidade dando visibilidade e importância a todos aqueles que, não sendo perfeitos, souberam perseverar no meio da adversidade, concretizando os princípios Ubuntu através das suas opções.

 

É com a convicção de que os testemunhos de vida são importantes veículos de inspiração, que permitem acreditar e manter viva a esperança num mundo melhor, que a Academia aposta entusiasticamente neste recurso. A aprendizagem através da inspiração de modelos de referência concretiza-se em três tipos diferentes:

 

1] Líderes Ubuntu – Através de filmes, documentários ou testemunhos, promove-se o conhecimento da vida de líderes de projeção mundial que, nos seus contextos, foram exemplo concreto da aplicabilidade da filosofia Ubuntu e dos princípios da Liderança Servidora: Nelson Mandela; Martin Luther King; Malala; Madre Teresa de Calcutá; Desmond Tutu; Mahatma Gandhi.

 

2] Líderes Comunitários – A presença de líderes comunitários que, ao partilharem as suas histórias de vida, demonstram como é possível ser veículo de mudança mesmo em contextos difíceis e exigentes. O testemunho destes convidados é, habitualmente, um dos momentos mais impactantes do processo formativo. Num mundo onde o individualismo, o ódio, a guerra e a injustiça são tão evidentes e tão propagados pelos meios de comunicação social, é fundamental dar voz àqueles que todos os dias são “heróis” nos seus contextos, fazendo um trabalho de mostrar outras realidades que normalmente não têm palco;

 

3] Participantes -  Através do personal storytelling e de dinâmicas de reflexão, trabalha-se em cada participante a consciência de que o seu próprio caminho pode ser uma importante fonte de inspiração para os outros. A história de vida de cada um, as suas dificuldades e superações, tornam-se veículo de aprendizagem e referência, com a construção da narrativa individual a proporcionar uma oportunidade de crescimento, no olhar Ubuntu sobre a sua vida ou algum acontecimento particular promovendo, com este exercício, os pilares que sustentam o Método Ubuntu.